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文章基本信息

  • 标题:Contrapontos da literatura indigena contemporanea no Brasil.
  • 作者:Silva, Mauricio
  • 期刊名称:Acta Scientiarum. Language and Culture (UEM)
  • 印刷版ISSN:1983-4675
  • 出版年度:2015
  • 期号:July
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Universidade Estadual de Maringa
  • 摘要:Deve parecer, 'no minimo', curioso a muitos leitores um livro que trata da producao literaria indigena no Brasil, ja que, para muitos interessados na expressao literaria nacional--mesmo aqueles especialistas em critica e historiografia literarias--, a existencia de uma literatura indigena brasileira deve soar como algo, 'no maximo', hipotetico. Isso pode ser tanto mais estranho, ao pensarmos nao apenas numa literatura brasileira indigena, mas ainda numa literatura 'contemporanea' e que pode ser discutida na perspectiva de seus 'contrapontos'...

Contrapontos da literatura indigena contemporanea no Brasil.


Silva, Mauricio


GRAUNA, G. Contrapontos da literatura indigena contemporanea no Brasil. Belo Horizonte, Mazza, 2013. 200 p. ISBN 8571605912

Deve parecer, 'no minimo', curioso a muitos leitores um livro que trata da producao literaria indigena no Brasil, ja que, para muitos interessados na expressao literaria nacional--mesmo aqueles especialistas em critica e historiografia literarias--, a existencia de uma literatura indigena brasileira deve soar como algo, 'no maximo', hipotetico. Isso pode ser tanto mais estranho, ao pensarmos nao apenas numa literatura brasileira indigena, mas ainda numa literatura 'contemporanea' e que pode ser discutida na perspectiva de seus 'contrapontos'...

E exatamente isso que faz a pesquisadora e professora universitaria de origem indigena Graca Grauna, em seu mais recente livro: "Contrapontos da literatura indigena contemporanea no Brasil" (GRAUNA, 2013).

A autora comeca definindo a literatura indigena contemporanea nos seguintes termos:

[...] a literatura indigena contemporanea e um lugar utopico (de sobrevivencia), uma variante do epico tecido pela oralidade; um lugar de confluencia de vozes silenciadas e exiladas (escritas), ao longo dos mais de 500 anos de colonizacao. Enraizada nas origens, a literatura indigena contemporanea vem se preservando na auto-historia de seus autores e autoras e na recepcao de um publico-leitor diferenciado, isto e, uma minoria que semeia outras leituras possiveis no universo de poemas e prosas autoctones (GRAUNA, 2013, p. 15).

Desse modo, a autora se propoe a estudar um conjunto de obras de autores da literatura indigena contemporanea de lingua portuguesa, com base nos estudos culturais, propondo uma 'leitura das diferencas'. Assim, sua abordagem nao apenas confronta a atual producao literaria indigena no Brasil com a producao nao indigena, mas tambem busca discutir a relacao daquela com conceitos como os de identidade, auto-historia, deslocamento, alteridade e outros, numa perspectiva que se assenta na 'transversalidade'.

Para Graca Grauna, a literatura indigena no Brasil continua sendo negada, da mesma forma que os proprios povos indigenas, apesar da luta em favor deles, desde a decada de 1970, pela Uniao das Nacoes Indigenas (UNI); da inclusao dos direitos dos indios na Constituicao de 1988; do surgimento, nos anos 1990, do Conselho de Articulacao dos Povos e Organizacoes Indigenas do Brasil (Capoib) etc.

Lembrando que

[...] o estudo da representacao do negro e do indio na literatura requer uma abordagem especifica [...] A expressao artistica do amerindio e do africano sugere uma leitura das diferencas, pois o ato de conhecer o outro implica o ato de interiorizar a historia, a autohistoria, as nossas raizes (GRAUNA, 2013, p. 47),

a autora faz ainda uma revisao sucinta da influencia e da representacao do indio na literatura ocidental, em particular na brasileira, ate chegar na literatura indigena contemporanea, que exprimem, entre outras coisas, um sentido de resistencia e de sobrevivencia, o direito a palavra oral ou escrita, a denuncia do neocolonialismo e da opressao linguistica e cultural etc. Procura estudar, nesse sentido, com mais profundidade, a producao literaria de Eliane Potiguara, Daniel Munduruku, Satere Yama, Olivio Jekupe e Rene Kithaulu.

Concluindo, a autora afirma:

Reconhecer a propriedade intelectual indigena implica respeitar as varias faces de sua manifestacao. Isso quer dizer que a nocao de coletivo nao esta dissociada do livro individual de autoria indigena; nunca esteve, muito menos agora com a forca do pensamento indigena configurando diferenciadas(os) estantes e instantes da palavra. Ao tomar o rumo da escrita no formato de livro, os mitos de origem nao perdem a funcao nem o sentido, pois continuam sendo transmitidos de geracao em geracao, em variados caminhos: no porantim, no tracado das esteiras e dos cestos, na feitura do barro, na pintura corporal, nas contas de um colar, na poesia, na contacao de historias e outros fazeres identitarios que os Filhos e as Filhas da Terra utilizam como legitimas expressoes artisticas, ligando-as tambem ao sagrado (GRAUNA, 2013, p. 172).

Mobilizando um vasto cabedal de teorias e perspectivas metodologicas, que vao da antropologia (Clifford, Mindlin, Clastres) aos estudos culturais (Hall, Bhabha, Canclini), passando ainda pela teoria literaria, pela filosofia e pela historia, Graca Grauna nos oferece um estudo perspicaz e inteligente de um assunto ainda pouco explorado pela academia, mas que merece nao apenas ser mais pesquisado, mas principalmente mais conhecido e respeitado pelos leitores e pesquisadores de nossa cultura. E seu livro constitui um importante passo nessa direcao.

Doi: 10.4025/actascilangcult.v37i3.24654

References

GRAUNA, G. Contrapontos da literatura indigena contemporanea no Brasil. Belo Horizonte: Mazza, 2013.

Received on August 12, 2014.

Accepted on May 15, 2015.

License information: This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

Mauricio Silva

Universidade Nove de Julho, Avenida Francisco Matarazzo, 612, 05001-000, Sao Paulo, Sao Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]
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