O estudo problematiza a produção dos femininos e da feminilidade no magistério a partir dos estudos de gênero e sexualidade, tendo como fontes primárias os relatos autobiográficos de um grupo de sete mulheres professoras que atuaram na educação básica e que, em algum momento das suas vidas, assumiram-se como lésbicas. Do ponto de vista teórico-metodológico, trabalhou-se com a noção de experiência de Walter Benjamin, Giorgio Agamben e Jorge Larrosa, que inspiraram tanto a coleta de dados, como a análise das narrativas obtidas. Sendo assim, tratou-se a narrativa autobiográfica enquanto uma forma de produção de sentidos acerca do vivido e, portanto, uma forma de produção da experiência de si. Na construção do objeto e na análise somaram-se ainda os estudos de Michel Foucault acerca do dispositivo de sexualidade e a crítica de Judith Butler ao sistema corpo/sexo/gênero. Conclui-se que, mesmo havendo na escola e na literatura uma preponderância dos discursos que universalizam o conceito de mulher e que idealizam um padrão de feminilidade e sexualidade nas escolas, há concomitantemente a produção de outros femininos e feminilidades nos contextos escolares, testemunhados pela singularidade das experiências de professoras lésbicas que atuam magistério.