期刊名称:Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ
印刷版ISSN:2446-6905
出版年度:2021
卷号:28
期号:53
页码:314-328
DOI:10.12957/matraga.2021.56489
语种:Portuguese
出版社:Universidade do Estado do Rio de Janeiro
摘要:Neste trabalho, temos como objetivo refletir sobre as discursividades que atravessam o enunciado “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, proferido pelo presidente da República do Brasil, Jair Messias Bolsonaro e seus efeitos de sentido, na perspectiva dos fundamentos teórico-metodológicos da Análise de Discurso de linha francesa materialista. Para tanto utilizamos os pressupostos teóricos de Pêcheux e Orlandi. A escolha dessa temática ocorreu mediante a repercussão das declarações do presidente brasileiro acerca do avanço da pandemia, após o país ter sofrido um grande aumento no número de infectados e ter batido recorde em número de mortes, ultrapassando a China. Nesse sentido, mobilizamos o movimento parafrástico como dispositivo analítico, visando compreender o funcionamento discursivo do referido enunciado. A perspectiva pecheuxtiana tem como pressuposto relacionar a linguagem à sua exterioridade, representada, metodologicamente, pela situação e pelo sujeito, que sãodesignadas de condições de produção. Dessa maneira, compreendemos como o enunciado selecionado, produz sentidos, por meio dos processos de significação instaurados no texto, descrevendo seu funcionamento, visto que para a AD a língua é materialidade do discurso, portanto não se pode deixar de considerar sua relação com a historicidade. A materialidade significante, aqui descrita e analisada, permite entrever que para o sujeito enunciador, a pandemia surge como um aparato de serviço da morte aos indesejados. O que nos possibilita dizer, parafraseando Foucault, é esta a política do “fazer morrer e não deixar viver”.