摘要:O objetivo desse artigo é analisar a trajetória sócio-espacial de estudantes negras e negros nos/pelos lugares de educação formal, de fato, suas narrativas sobre esses lugares. Tendo como influência o livroA geografia do aluno trabalhador,de Resende (1986), busca-se pensar uma “geografia da/o estudante negra/o”. Para isso, a noção de trajetória sócio-espacial é importante, pois, permite dimensionar a experiência desses estudantes em sua amplitude temporal-espacial pelos lugares. Por conta do racismo existente nos lugares de educação formal, a experiência de estudantes negras/os é marcada por desapontamentos e contrariedades, o que evoca por vezes uma relação topofóbica com essas espacialidades. Isso é expresso na narrativa de uma entrevistada, que, ao falar da escola, apresenta termos como “terror”, “medo”, “sofrimento” e “desânimo” para tratar de suas vivências. Esse tipo de experiência parece se reproduzir no ensino superior, cujas/os estudantes experimentam um certo isolamento e conflitos por serem “negras/os fora do lugar”. Essas experiências confirmam a assertiva de alguns geógrafos que afirmam que a identidade racial de sujeitos e grupos define padrões diferenciados de experiência do espaço. No que se refere a população negra, reminiscências de um passado escravista e a atuação do racismo conduzem a experiências marcadas pela violência, negação e a fixação em lugares simbólicos e físicos. Estudantes negras/os nos lugares de educação formal, assim, conformam trajetórias marcadas por experiências de humilhação; desqualificação e demérito; desmotivação e desestímulo; e inculcação de um senso de deslocamento e de se estar “fora-de-lugar”. Isso demonstra os limites dos discursos universalistas difundidos nesses lugares e nos impele a enfrentar e buscar mecanismos mais efetivos para desconstruir o racismo.