摘要:Se o projeto euro-ocidental de modernidade técnica, científica, política e econômica produziu a crença na marcha inexorável da história, e se tal progresso foi encharcado pela constituição da razão iluminista com não poucos paradoxos presentes nas relações interculturais, o século XX expôs as contradições desse mesmo ideal de modernidade, a começar pela revisão dos efeitos deletérios de uma globalização assimétrica cujas raízes encontram-se fincadas no humanismo, no mercantilismo e no colonialismo europeu promovidos desde o final do século XV. Partindo desta premissa e considerando que a História da Arte se constitui como campo de conhecimento mais ou menos autônomo justamente no bojo desse percurso da modernidade em conluio com a colonialidade, o presente projeto de pesquisa propõe-se a discutir os confrontos estéticos presentes nas fricções interculturais oriundas da globalização, de modo a perceber como a arte, com suas teorias e metodologias, tornou-se um campo privilegiado de estetização de racismos e etnocentrismos desde o início do colonialismo, perpassando a gênese da arte moderna como “exotismo oriental” ou como “primitivismo afro-americano”, até chegar à absorção desses artefatos pelos sistemas e pelos mercados de arte contemporâneos. O que mudou nesse ínterim? Que sistemas de valores serviram de gatilho para essa “passagem” ao multicultural? Quais confrontos estéticos foram assumidos e quais foram subsumidos pela historiografia moderno-contemporânea da arte? Para tentar evidenciar a tessitura destas questões, a pesquisa tem caráter histórico-iconográfico instalado num diálogo interdisciplinar que envolve a História, a Antropologia e a Sociologia através de autores como Aby Warburg, Sally Price, Adolfo Colombres, Estela Ocampo, Aníbal Quijano, Walter Mignolo, Philippe Dagen, Éric Michaud, Alfred Gell, Simon Gikandi, Achille Mbembe, Frank Willet, Inaga Shigemi, Hamid Dabashi, James Clifford e Edward Said, dentre outros.