摘要:Ousando se aproximar de outras áreas do conhecimento, a psicanálise foi também marcada, como atestam inúmeros ensaios psicanalíticos, pelo alto apreço de Freud e Lacan em relação à arte. Um deles, percorrendo as adjacências entre o discurso freudiano, a teoria lacaniana e o mundo artístico, é considerado neste artigo: O Espaço Imanente (Rio de Janeiro: Imago, 1989). Este livro se aventura pelas longas divagações estético-freudianas, revendo as análises sobre o Moisés de Michelangelo, Leonardo da Vinci e a Gradiva de W.Jensen e os comentários de Lacan sobre o quadro de Hans Holbein, Os Embaixadores . Delas, rediscute a concepção de uma psicanálise da arte em torno da cisão entre o concreto, visível ou “externo” (o que existe concretamente na escultura de Michelangelo, na pintura de Da Vinci, no delírio do protagonista de Jensen, no quadro de Holbein), e o mental ou “interno ” (o que torna a realidade pensada ou representada). Na contramarcha desta posição, assinala como o externo torna-se, também, condição para que o artista possa criar “internamente ” . Insólito na leitura psicanalítica que sustenta, este ensaio agrega ao ar de liberdade que insufla a criação do artista diante de sua obra, traduzindo um aparente rompimento ou descompromisso dos conteúdos artísticos com qualquer ocorrência concreta, a organização física ou imanente dos objetos que se encontram na realidade.